jen hofer

JEN HOFER

CONDITIONS

what pierces the tender belly of the word genealogy what channels and hammers what empties and ingests what inters shrouds sediments what sediment rising into effervescent emptiness what soft skin of contour soft skin of not being able to convince what disappeared skin of losing ungrasping gasping delanguaged what papery hand sandpapering cracks at the edges of what was not unspoken but gagged sewn shut etched into permanent silence what porous not being able to speak what crane what winch what drill what drilled down into muffled unconscious sandbagging what uncontained wedge what edge which is not an edge eroding what lifeless node charged with not being anything what living what coding discharged into the slipknot of circulation what pierces the navigation techniques undernourished in bullet-proof vests what exodus shattering mechanized ocean what oceanic machine churning gnashing air-splitting wing-sheared suspension in the buried breath before not understanding what refuses to be understood what refuses to be understood vacated of human ligature erupted emptied of tidal personhood misshapen into a form recognizable only as what used to be—what used to be now in swift vectored process of not becoming at all understandable and what is there to understand about the fluttering finality of skin at the shore of aperture clamped shut or the initials or number driven into a skin what rank what accounting what statistical notching or the undocumented number of families pried apart


CONDIÇÕES

o que fura a tenra barriga da palavra genealogia o que canaliza e martela o que esvazia e ingere o que enterra encobre sedimenta que sedimento subindo vazio efervescente que pele macia de contorno pele macia de não ser capaz de convencer que pele desaparecida de perder-se largar-se engasgar-se delinguajado que mão papel de lixando as brechas nas margens do que não foi não dito mas amordaçado costurado fechado gravado em silêncio permamente que poroso nao ser capaz de falar que guindaste que guincho que broca o que brocado em abfado saco de areia inconsciente que não contida cunha que borda que nao é uma borda erodindo que nódulo sem vida carregado com não ser coisa alguma que vida que código se descarregou dentro do nó corredio da circulação que fura as técnicas de navegação subnutridxs nos coletes à prova de balas que êxodo estilhaçando oceano mecanizado que máquina oceânica agitando rangendo separando ar cortando asas suspensão na respiração enterrada antes de não entendimento o que se recusa a ser entendido o que se recusa a ser entendido desocupado de ligadura humana entrado em erupção esvaziado de personalidade das mares deformadx em uma forma reconhecível apenas como o que costumava ser—o que costumava ser agora rápido vetorizado processo de não se tornar de todo entendível e o que há para entender sobre o tremeluzente finalidade da pele na costa de abertura grampeada ou as iniciais ou numero enfiado em uma pele que posto que contabilidade que marcação estilística ou o número não documentado de famílias apartadas

—translated by sean negus


CONDITIONING

I’m biking through the world Will Alexander calls a “combustible complex” or I’m biking through the shifting molecular interruptive design colonially and colloquially called “Los Angeles.” Or I’m sitting on a concrete slab organized to prevent public rest next to a person whose shoes are held together with toothbrushes or I’m sitting in an elongated rectangle where cobwebs intercept the air into particles, swelling. Is there a finite number of words? Dear Data: sometimes, we mistake cataloguing for attention. I want to offer the person some of my lunch but I’m not sure what kinds of eating are possible with only a couple of teeth and it pains me to ask. What can we actually unlearn? I don’t know why anyone needs poetry and I know not everyone needs it but I also know some people need poetry some or all of the time. The shift Will calls “the electricity of language” or Sesshu Foster’s invitation: “I am looking at your mouth to see what you will say.” The cat who came in off the street some thirteen years ago, maybe more, has malignant melanoma, the same cat who drew my 9-year-old favorite neighbor Esperanza to my house. She spells it n-a-b-e-r. Saretta Morgan wrote “I feel myself craving a fallow place.” The distance between the tree and the roof is none in two places in the garden: one encroaching eucalyptus and one homonymic elm tree on elm street. Between the time I wrote the “conditions” poem that attended to the numbers of children separated from their parents at the U.S.-Mexico border and the time of this writing, two days passed and the number nearly doubled. Just for example. What is the distance between fallow and falling, between between and in, between outside and out of time, between fertile and forcible and futile? The cat’s name is Pancake; the cancer, at the moment, is dormant. There are eight eucalyptus though in one spot three trunks share a common root system. I might have the numbers wrong. Pancake is a popular cat; Lisa Anne Auerbach once made him his own Facebook fan page and he used to receive regular visits from 4-year-old Phoebe down the block who knew where my house key was hidden, or her dad did. When Will performs “Water on New Mars” with Ghasem Batamuntu and the nu nova compound, the moment where the higher sharper voice enters scream-singing into the oceanic soundscape soil is the moment that reminds me of Sesshu’s invocations of those who walked among us, “cities of forgetting.” Heart stopping every time, but then starting again, with more heart, or as Saretta puts it, “I want to feel possible in all of the intimacies: radical / queer / sisterhood / State / room” in other words, “The heart, its own many-roomed country.” In actuality there are two encroaching elm trees, both leaning on structures intended only to bear their own weight. “The more things remain the same, the more things remain the same,” was the reaction to contemporary-right-now police murders of unarmed African-American people from Albert Woodfox, who spent more than 15,695 days caged in solitary confinement for murdering a prison guard, a crime he did not commit. Dear Data: I try to remember that to be accountable is not to be singularly accountable. The trees are called Chinese elms though they are native to China, India, Taiwan, Japan, North Korea, and Vietnam. In Sesshu’s book City of the Future, the oft-unnoticed word “the” is a key player, almost an activist. In Los Angeles, mockingbirds accompany late nights in early summer. They can imitate cell phones, car alarms, and police sirens. What can we actually learn? When I wrote the first poems titled “conditions” and “conditioning,” I was nobody’s mother. The Chinese elm is also called lacebark elm, for the weft of its skin, which occasionally sloughs in a pattern that could be mistaken for continents. But there is no map, or if there is, it is only in imagination.


CONDICIONAMENTO

De bicicleta pelo mundo que Will Alexander chama de “complexo combustível” ou pelo desenho interruptivo molecular mutante colonial e coloquialmente chamado “Los Angeles”. Ou estou sentada num tijolo de concreto organizado para prevenir o descanso público perto de alguém cujos sapatos são amarrados com escovas de dentes ou estou sentada em um retângulo alongado onde teias interceptam o ar em partículas, inchando. Há um número finito de palavras? Caros Dados: às vezes, confundimos catalogação com atenção. Quero oferecer meu almoço à pessoa mas não sei que tipo de comer é possível com apenas um par de dentes e me dói perguntar. O que podemos desaprender de fato? Eu não sei porque poesia é preciso e não sei se todo mundo precisa de poesia, mas também conheço certas pessoas que precisam de poesia por algum ou todo tempo. A mudança que Will chama “a eletricidade da linguagem” ou o convite de Sesshu Foster: “estou procurando em sua boca para ver o que você vai dizer.” O gato que veio da rua há uns 13 anos, talvez mais, tem um melanoma maligno, o mesmo gato que trouxe minha vizinha favorita de nove anos, Esperanza, à minha casa. Ela soletra “v-i-z-i-n-h-u”. Saretta Morgan escreveu “sinto-me desejosa de um lugar de alqueive”. A distância entre a árvore e o telhado é zero em dois lugares no jardim: um eucalipto invasor e um homonímico olmo na rua Olmo. Entre a época em que escrevi o poema “condições” que chamava a atenção para o número de crianças separadas de seus pais na fronteira dos Estados Unidos com o México e a época deste escrito, dois dias se passaram o número quase dobrou. Só para dar um Exemplo: Qual a diferença entre queda e alqueive, entre entre e dentro, entre do lado de fora e fora do tempo, entre fértil, flexível e fútil? O nome do gato é Panqueca; o câncer, no momento, dormente. Há oito eucaliptos ainda que em um lugar três árvores dividam um sistema de raiz comum. Acho que me engano nos números. Panqueca é um gato popular; LisaAnne Auerbach um dia lhe fez sua própria página de Facebook e ele recebia visitas regulares da Phoebe de 4 anos da rua de baixo que sabia onde a chave da minha casa estava escondida, ou seu pai sabia. Quando Will toca “Water on New Mars” com Ghasem Batamuntu e o composto nu nova, o momento quando a voz mais aguda e afiada entra berrando na paisagem de som oceânica é o momento em que me lembro das invocações de Sesshu daqueles que andaram entre nós, “cidades do esquecer.” Coração parando toda hora, mas então começando de novo, com ainda mais coração, ou como diz Saretta “quero sentir o possível em todas as intimidades: radical / queer/ irmandade / Estado / quarto” em outras palavras, “O coração, seu próprio país de muitos quartos.” Na verdade há dois olmos invasores, ambos dobrando-se sobre estruturas destinadas apenas a sustentar o próprio peso. “Quanto mais as coisas fiquem na mesma, mais coisas ficam na mesma”, foi a reação aos assassinatos policiais contemporâneos, atuais e de agora, de pessoas afro- americanas desarmadas, a Albert Woodfox, que passou mais de 15,696 dias enjaulado em solitária por assassinar um carcereiro, um crime que ele não cometeu. Caros Dados: eu tento me lembrar que ser responsabilizado não é ser singularmente responsabilizado. As árvores são chamadas de olmos chineses mesmo sendo nativas da Índia, China, Taiwan, Japão, Coreia do Norte e Vietnam. No livro de Sesshu Cidade do Futuro, a quase despercebida palavra “o” é uma peça-chave, quase uma ativista. Em Los Angeles, sabiás acompanham noites tardias no começo do verão. Eles sabem imitar celulares, alarmes e sirenes de polícia. O que podemos aprender de fato? Quando escrevi os primeiros poemas chamados “condições” e “condicionamento”, Eu era mãe de ninguém. O olmo chinês também é chamado de olmo cascudo por causa das tranças em sua pele, que ocasionalmente encrostam em padrões que podem ser confundidos com continentes. Mas não há mapa, e se há, é apenas imaginação.

—translated by rodrigo bravo


FUTURE SOMATICS TO DO LIST
A LOVE LETTER TO STREET GLOSS: TO BRENT

is there a method for moving when the mode of locomotion is no longer sure?

no longer speakable?

ya no movimiento llano, memento mori, momento motor. ¿torpeza al sur de la destreza, bienvenida tropieza y bienaventurada al andar?

no longer transparent?

“language is situational,” rajiv mohabir says. the air fills with brittle words? the light is tender. which questions can be unasked?

it was never speakable.

in attempting to walk alongside, neighborliness occurs. a concourse? a recurrence? a rent?

how quiet do we need to be to hear the diagnosis? the deficit?

erasure is a practice. countering erasure is a practice. the gap between gaping.

being questionable is being answerable?

where is gloss glass? when is it glaze? civics ? the gaze beyond the engraved?

the body is gloss? chartreuse shoots blanketing over a shape? anthills?

what can we actually unlearn?

what does it cost to be on that corner? what water was their grave?

the finding of language previously unlost is an architecture of slowing in place, staying to say.

in the sway of unquiet grasses soon to disappear, lupine, poppy, coreopsis, brittle bush, alien spores.

“you go to the land and ask what technology to use,” monica mody says. decolonizing decisiveness. is all birth after-life?

speech through the generations becomes speechlessness. foreign object under the tongue. hinging jaw or knee or mirror.

naming is disembodying or offering body? describing a circuit or spiral. systemic or asking again and again cada vez más to unbuild.

cataclysm? catastrophe? catalytic?

the translator is translated. shedding? shreds? shards?

el gato o el gatillo, lo apuntado o lo que apunta. ¿lo que fluye? denota. plume or loom as a mountain or purposeful pause? lo que detona.

is all after-life birth? birds? bloom?

beginning in one place and moving to another. trans. position. potion. collusion. kissing cousin.


LISTA DE AFAZERES DE SOMÁTICAS
FUTUROS UMA CARTA DE AMOR PARA GLOSA DA RUA: PARA BRENT

existe um método para mover-se quando o modo de locomoção não é mais certo?

não mais falável?

ya no movimiento llano, memento mori, momento motor. ¿torpeza al sur de la destreza, bienvenida tropieza y bienaventurada al andar?

não mais transparente?

“a linguagem é situacional”, rajiv mohabir diz. o ar se preenche com palavras quebradiças? a luz é tenra. quais perguntas podem ser desperguntadas?

nunca foi falável.

ao tentar andar juntx ocorre a hospitalidade. um concurso? uma recorrência? um aluguel?

quão quietxs precisamos estar para ouvir o diagnóstico? o deficit?

rasura é uma prática. contrariar a rasura é uma prática. o escancarado entre escancarar-se.

ser questionável é ser responsável?

onde a glosa é vidro? quando é verniz? cívica? a gauze fixo alem do gravado?

o corpo é glosa? chartreuse rebento cobertando sobre uma forma? formigueiros?

o que podemos realmente desaprender?

o que custa estar naquela esquina? que água foi sua tumba?

o encontrar da linguagem previamente desperdido é uma arquitetura de desaceleração no lugar, ficando por falar.

no balanço de gramas inqueitas que logo desaparecerão, tremoço, papoula, coreopsis, arbusto quebradiço, esporos alienígenas.

“voce vai para a terra e pergunta qual tecnologia usar”, monica mody diz. descolonizando decisividade. todo nascimento é pós-vida?
fala através das gerações se torna afasia. objeto estranho sob a língua. maxilar dobradiçando ou joelho ou espelho.

nomeação é desincorporar-se ou oferecer o corpo? descrever um circuito ou espiral. sistemática ou perguntar-se de novo e de novo cada vez más por desconstruir.

cataclismo? catástrofe? catalítico?

o tradutore e traduziu. perdendo? pedações? cacos?

el gato o el gatillo, lo apuntado o lo que apunta. ¿lo que fluye? denota. pluma ou tear como um montanha ou pausa com propósito? lo que detona.

todo pós vida é parto? pássaros? pétala?

começar em um só lugar e mudar-se para outro. trans. posição. poção. conluio. igual, mas diferente.

—translated by sean negus
Poet and translator Jen Hofer’s recent publications include sexoPUROsexoVELOZ and Septiembre, a bilingual edition of books two and three of the lifelong project Dolores Dorantes by Dolores Dorantes, lip wolf, a translation of Laura Solórzano’s lobo de labio, Sin puertas visibles: An Anthology of Contemporary Poetry by Mexican Women, slide rule, and the chapbooks laws and lawless. The Academy of American Poets selected her as the winner of the 2012 Harold Morton Landon Translation Award for her translation of Myriam Moscona’s Negro marfil/Ivory Black, published by Les Figues Press. Other publications include The Route, an epistolary and poetic collaboration with Patrick Durgin, Laws from Dusie Books, and a book-length series of anti-war-manifesto poems from Palm Press titled one