roberto bicelli

ROBERTO BICELLI

TARTAMUDEANDO

PSILOCIBINA
as mentes vazias esquecidas
assistiam ao longe o desfilar dos felizes
eles sorriam                                todos soriam
quem se lembraria de Pavlov?
uma floresta de palitos de fósforo
iluminou-se repentinamente
a aranha balançava-se
no fio mágico de suas entranhas
a velha balançava-se
…….       …………..              .. .. ..          . ..        .  .  .                 . .
explodoi a bolha sufocante
a consciência passa de bicicleta na figura do carteiro

por instantes o MÉXICO com suas luzes
EU DEVO IR AO MÉXICO
perdido em AMNÉSIA o sacerdote distribuía hóstias
de peyote
a voz de sempre dizia
não há dois pontos
nada é definitivo
nada é TUDO               TUDO é nada
a lógica suicidou-se num pé de couve
NADA É DEFINITIVO
(7)       (8)       (7)       (  )
as amnésias totais se fundiram
dissipou-se a catatonia
eis a realidade
grande ilusão do já visto
motores moviam gestos
todos eram engrenagens
nos cérebros fervilhavam UTOPIAS fantásticas
num instante apenas por instantes ouviu-se
NEVER O NEVER MORE
Poe e seu corvo maldito
nunca mais
sobre os homens panfletos de minha loucura
levanto aos pés do ABSURDO
um grito imenso na madrugada vazia
necessito de uma galáxia para brincar de roda
necessito do infinito para esquecer-me

……………….


STUTTERING

PSILOCYBIN
forgotten empty minds
watched from afar the parade of the happy
they smiled                                all smiled
who would remember Pavlov?
a forest of matches
lit up immeadiately
the spider hung
on the magic thread of its entrails
the hag hung
…….        …………..           .. .. ..       . ..       .  .  ..     . .
the suffocating bubble exploded
consciousness rides a bike as a postman

in instants MEXICO with its lights
I MUST GO TO MEXICO
lost in AMNESIA the priest gave out wafers
of peyote
the voice always said
there are not two points
nothing is definitive
nothing is EVERYTHING         EVERYTHING is nothing
logic killed itself in a kale bush
NOTHING IS DEFINITIVE
(7)       (8)       (7)       (  )
the full amnesias fused with each other
the catatonia is dispersed
behold reality
the great illusion of the already seen
engines moved gestures
all of them were gears
in the brains fantastic UTOPIAS boiled
for a moment, only for a moment one could hear
NUNCA THE NUNCA MAIS
Poe and his damned crow
never more
over the men handouts of my craziness
I rise to the feet of the ABSURD
an immense scream in the empty night
I need a galaxy to play carousel
I need infinity to forget myself

……………….


BANDEIRA>CUMMINGS>DALI

atento

ao olhar oriente-ocidente

pedras de Pompeia

– mais fontes que gritos –

folhas leaves livres de outono

e.e.e.e.

fragmentos)

volvi a mim:

diga 33

tosse tosse tosse tosse tosse

o senhor tem

um Salvador Dali

no olho direito
e voyeurismo

no esquerdo

pode-se tentar tornar a Sorrento?

não, a única solução
é viver a vida
a sangue-frio


BANDEIRA>CUMMINGS>DALI

attentive

to the eastern-western gaze

rocks of Pompey

– more fountains than cries –

free folhas leaves of autumn

e.e.e.e.

fragments)

I turned to myself:

say thirty-three

cough cough cough cough cough

you have, mister

a Salvador Dali

on the right eye
and voyeurism

on the left one

can you try to turn to Sorrento?

no, the only solution
is to live life
in cold blood

—translated by rodrigo bravo
Carlos Roberto Bicelli (1943) is a poet, writer and cultural producer, born in São Paulo. The poems selected for translation belong to his book Antes que eu me esqueça (Before I forget), published in 1977.