robert glück

ROBERT GLÜCK

from THE VISIT / de A VISITA
⁠—for Kathleen Fraser / por Kathleen Fraser

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I open my eyes to make the effortless journey. The sheets smell like water and the river can be seen. The present, solvent of separations. I keep glancing above your head expecting you to drop into the blue.
e_pass–This scrapbook cost a dollar at an antique sale. On the first page accept world and dream trip, a door in the horizon, anything conditional we move through.
e_pass–Consider the you a beauty that conjures more distance than it expels, and a rhetorical figure whose artifice lends authenticity, like hand-tinting this photo.
e_pass–Hand tinting frees these miniatures of noxious meaning. Accept some distance so expression can arrive and depart.

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Eu abro os olhos para fazer a jornada fácil. Os lençóis cheiram a água e o rio pode ser visto. O presente, solvente de separações. Eu continuo olhando acima de sua cabeça esperando que você caia no azul.
e_pass–Este álbum de recortes custa um dólar em uma venda de antiguidades. Na primeira página, aceite o mundo e a viagem dos sonhos, uma porta no horizonte, qualquer coisa condicional nos movemos através.
e_pass–Considere o você uma beleza que conjura mais distância do que ele expele, e uma figura retórica cujo artifício empresta autenticidade, como tingimento a mão com esta foto.
e_pass–O tingimento a mão libera essas miniaturas de significado nocivo. Aceite alguma distância para que a expressão possa chegar e partir.

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Odd to close my eyes during the day and open them at night, but any separation gives a form to longing.
e_passYou promise what you will never give–I say to trick the distance. If I accept fate it’s a strategy of last resorts. That’s why I like John Dee. The poem as industrial ruin. Melted window glass. The ornate splendor of stopped time. The end of the world in history. The error of lyricism. A helicopter’s ability to hover ramifies in my chest a pleading tremolo. Mirrors make me dizzy because I fall into the aging.
e_passI’m frightened–I’ve grown worse in your absence than the present can cure. Thought demands less of itself. Light passes in distractions–Venetian blind, glass on the sill. One term doesn’t lead to the next, it brings its contrary in unions of faint commitment that scatter again like dice.

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Estranho fechar meus olhos durante o dia e abri-los de noite, mas qualquer seperação da forma à saudade.
e_passVocê promete o que nunca dará–Eu digo: enganemos a distância. Se aceito o destino é uma estratégia de último caso. Por isso gosto de John Dee. O poema como ruína industrial. Janela de vidro derretido. Esplendor ornado do tempo interrompido. O fim do mundo na história. O erro do lirismo. A habilidadede um helicóptero de pairar ramifica em meu peito um tremolo queixoso. Espelhos me deixam tonto porque caio no envelhecimento.
e_passEstou assustado–fiquei pior em sua ausência do que o presente pode curar. O pensamento demanda menos de si mesmo. A luz passa em distrações – Veneziana, vidro no peitoriul. Um termo não leva ao próximo, traz seu contrário em uniões de comprometimento falho que se espalha novamente como dados.

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I chime with emptiness. My eight spider arms carry me up a granite mountain–world famous, world famous–or we drive a junky car up a road that has little character but up. I hold my hands up: empty. All day long I say “where are you” as though looking through photos. The car makes weirdly animate groans. It’s getting to be dusk and the amazing distance becomes blue and heavy as our height brings it into view. Daylight’s longing doesn’t subside–blurred yellow points redefine the shell. I’m so amazed I keep shrugging. Everything keeps time–photos, houses on the shore.

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Chio de vazio. Meus oito braços de aranha me carregam montanha de granito acima–famoso mundialmente, famoso mundialmente–ou dirigimos um carro nas últimas por uma estrada que tem pouco caráter, mas sobe. Ergo minhas mãos: vazias. Todo dia eu digo “onde você está” como se olhasse fotos. O carro faz gemidos estranhamente animados. Vai anoitecer logo e a distância incrível se faz azul e pesada enquanto nossa altura a torna visível. Saudade da luz do dia não se aplaca–pontos amarelos borrados redefinem a concha. Estou tão estarrecido que dou de ombros. Tudo registra o tempo–fotos, casas à orla.

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This photo documents our absence, but daydream, the amateur, recovers possibility:
e_passToday a child approached me on the dock. She was gap toothed and she held both hands out. I couldn’t tell if she was giving or asking. I split into red blue green sloppy registration. Sloppy registration and a lazy printer. This is quite a “modern” setting–even the distilled quaintness and low-tide flavors are modern if that means self-conscious. It smiled for the camera so often it couldn’t remember a normal expression, if normal means “not modern.”
e_passThe breeze was salty, the scene itself typical of a rewrite. She wore a tiny indigo silk suit, that is, pants and jacket. I thought she probably came from a class above mine or at least from a better department store. Beneath her lids Mr. Rabbit lifts his paw to strike. The amazed Fox raises his eyes and says,”–
e_passStepchild, if she said a word it would be rampion. She was trying to assert a connection between us–I wondered if she was my daughter. She had the lean fingers and intricate ears some newborns have.

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Essa foto documenta nossa ausência, mas devaneio, o amador, recupera a possibilidade:
e_passHoje uma criança se aproximou de mim nas docas. Ela tinha dentes tortos e as duas mãos estendidas. Não sabia se estava a dar-me ou pedir-me algo. Dividi-me em desleixado registro azul vermelho e verde. Registro desleixado e impressora preguiçosa. Sistema assaz “moderno”–até a simplicidade destilada e sabores de maré baixa são modernos se isso significa sensciência. Sorria tanto para a câmera que não se lembrava de nenhuma expressão normal, se normal quer dizer “não moderno.”
e_passA brisa era salgada, cena típica de revisão. Ela vestia um traje de seda azul-marinho, isto é, calças e jaqueta. Eu achei que ela provavelmente vinha de uma classe inferior à minha ou ao menos de uma loja de roupas melhor. Sob suas tampas Sr. Coelho ergue sua pata para o ataque. A raposa estarrecida ergue os olhos e diz “–
e_passEnteado, se ela dissesse uma palavra seria rampion. Ela estava tentando garantir conexão entre nós–pergunto-me se era minha filha. Ela tinha os dedos magros e orelhas intricadas que recém-nascidos têm.

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River, ocean, lake, tidal pool. Everything is a hinge. The traveler incorporates change by looking at it with gratitude. Everything is a low inland sea, or a mountain if he looks at one. The present shapes his story, is the sound of crickets after rain–his ear is the result of that vibration.
e_passA pale arrow of trunks from the ideal shoots downstream into the world. Some spatial optimism, a bend in the river onwards involving fearless men and white reflections of brown cliffs, as though truth were clear seeing. I take for granted that the image betrays me, that their children died in the war. Whatever I think is the diminutive of what I think. The fish are disturbed (like mental patients). The miller sleeps under a bridge. The photographers are wrong. The travelers are disturbed, tireless, salty, empty. The city is tireless, killed in the war….

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Rio, oceano, lago, piscina de maré. Tudo é uma dobradiça. O viajante incorpora a mudança de olhando-a com gratidão. Tudo é um mar interior baixo, ou uma montanha, se ele olhar para um. O presente molda sua história, é o som de grilos depois da chuva– seu ouvido é o resultado dessa vibração.
e_passUma flecha clara de troncos do ideal dispara rio abaixo no mundo. Algum otimismo espacial, uma curva no rio para diante envolvendo homens impávidos e reflexos brancos de penhascos marrons, como se a verdade estivesse visão clara. Tomo como certo que a imagem me trai, que seus filhos morreram na guerra. Tudo o que penso é o diminutivo do que penso. Os peixes são perturbados (como pacientes mentais). O moleiro dorme debaixo de uma ponte. Os fotógrafos estão errados. Os viajantes são perturbados, incansáveis, salgados, vazios. A cidade é incansável, morta na guerra….

⁠—1 & 5 translated by sean negus / 2-4 translated by rodrigo bravo
Robert Glück is a poet, fiction writer, critic, and editor. With Bruce Boone, he founded the New Narrative movement in San Francisco. His poetry collections include Reader and, with Boone, La Fontaine. His fiction includes the story collection Denny Smith, and the novel Jack the Modernist. Glück edited, with Camille Roy, Mary Berger, and Gail Scott, the anthology Biting The Error: Writers Explore Narrative, and his collected essays, Communal Nude, appeared in 2016. Glück served as the director of San Francisco State’s Poetry Center, co-director of the Small Press Traffic Literary Center, and associate editor at Lapis Press. He lives in San Francisco.